Olá pessoal!
Há pouco tempo, saiu uma matéria no jornal Folha de São Paulo sobre dificuldades alimentares com o minha participação. A matéria ficou bacana, uma mãe de um querido paciente meu foi entrevistada. Quem quiser dar uma olhada, leia aqui.
Queria aproveitar a oportunidade e colocar aqui a matéria completa que a jornalista fez comigo, pois nem tudo sai nos jornais, e acho que as informações são importantes para os pais dos pequenos que não comem.
Lembre-se: existe luz no fim do túnel. Aqui fala uma mãe de uma ex garota que não come!
Sobre crianças que "não comem": quando esse problema começa a surgir? E
quais são as principais causas e o tratamento?
Geralmente, as crianças começam a apresentar diferenças no apetite
próximas a completarem 2 anos. Sua demanda nutricional diminui e o apetite,
consequentemente, diminui. Porém, o distúrbio pode atrapalhar a vida de bebês e
de crianças mais velhas também. As causas podem ser muitas, como causas orgânicas (por
patologia), dietéticas (por conta da refeição em si, quando a comida não é
adequada ou gostosa para a criança) ou comportamentais (por conta da dinâmica
familiar e da casa). O tratamento é sanar as questões orgânicas, e muita
educação alimentar para a criança e a família. Utilização de suplementos
alimentares podem ser úteis durante o processo crítico de educação alimentar,
para que a criança não tenha prejuízo em seu crescimento ou desenvolvimento. Mas
tal medida precisa ser realizada com orientação de nutricionista ou
pediatra.
Qual a parcela de responsabilidade dos pais ou cuidadores no surgimento
de distúrbios alimentares de crianças pequenas?
As dificuldades alimentares podem aparecer por problemas orgânicos, como
uma anemia, uma disfagia, um refluxo, uma virose, ou por questões
comportamentais. Ou pode começar com uma questão orgânica, e se transformar em
um distúrbio devido ao comportamento dos pais nesse momento. A dificuldade
alimentar acontece em muitas casas, a resposta dos pais ou cuidadores a essa
questão pode ajudar perdurar ou não o problema. A dificuldade alimentar é um
processo de duas mãos, que é a resposta dos pais/cuidadores às necessidades
alimentares daquela criança (não só nutricionais, mas alimentares mesmo).
Portanto, de certa forma, os pais são responsáveis por auxiliarem os filhos a
terem um “relacionamento” mais saudável e prazeroso com a
alimentação.
Quais são os principais erros que pais e cuidadores
cometem?
O principal erro é o mais difícil de combater, que é a ansiedade materna
ou da família/cuidadores. A criança sente e fica mais difícil ficar à vontade
para comer. Outro erro comum é que os pais querem decidir o quanto os filhos
comem. Eles devem decidir como servir, o que servir, mas a quantidade fica com a
criança. Dá insegurança achar que o filho come “pouco”. Aí a ansiedade ou o
autoritarismo (forçar a comer) podem destruir esse pouco apetite que a criança
teria. Outro erro comum e simples de evitar é alimentar a criança sem hora
certa, deixando-a à vontade para comer quando quiser. Uma rotina com horários
estruturados auxilia no processo, já que trabalhamos com a fome ao nosso favor,
o fator decisivo para as crianças com dificuldade alimentar.
O que você recomenda para que a hora da refeição seja mais tranquila e
para que os filhos sejam menos seletivos?
Primeira coisa é ser o exemplo. Não adianta querar que o filho coma
espinafre, se você os pais ou cuidadores não comerem. Comentar positivamente
sobre o que tem na mesa, como por exemplo,"que delícia de espinafre”.
Comentários positivos ajudam a criança entender que outras pessoas gostam de
espinafre, espinafre pode ser bom, deixa os pais satisfeitos, daí a criança pode
querer provar o espinafre ou não. Mas o reforço positivo foi feito.
Servir sempre os alimentos que a criança não aceita, mesmo diante da
recusa. Crianças são imprevisíveis, e de repente adoram o que nem queriam
provar. Estudos comprovam que é necessário oferecer o mesmo alimento 8, 12 vezes
para ver se a criança gosta.
Organizar os horários das refeições e não servir absolutamente nada entre
elas, apenas água. Assim, a criança chega a na mesa com fome, mais propensa a
comer o que for oferecido.
Durante a refeição, nada de distratores, como a tv ligada, tablets,
computadores, ou mil e uma estripulias. A refeição tem que ser um momento
prazeroso e calmo. A atenção da criança precisa estar na refeição (essa é difícil, mas é muito importante).
Limitar o tempo que a refeição dura. Se não comeu nessa refeição, só na
próxima deve ser alimentado. Fazer isso com tranquilidade, uma criança não
ficará doente se pular uma ou duas refeições.
Tolerar a bagunça para a idade é importante. Limpar a criança a cada
minuto pode deixá-la irritada, e não estimula todos os sentidos da criança.
Deixar a criança pequena eventualmente se alimentar com as mãos estimula outros
sentidos, como o paladar, o olfato, e dá mais prazer a alimentação.
Incentivar a criança a se alimentar sozinha, dando- lhe autonomia, e
portanto confiança no processo de se alimentar.
E principalmente, se manter neutro durante as refeições da criança. Nem
parabenizar demais, nem ficar irritado com a criança.
Essas são atitudes responsivas, e a curto e a longo prazo, auxiliam as
crianças a passarem por essa fase de dificuldade alimentar. Porém, uma educação
alimentar orientada quase sempre é necessária. O nutricionista pode auxiliar
colocando, passo a passo, o que a família precisa fazer, de acordo com sua
realidade, suas expectativas, sua cultura e sua rotina. Essa orientação dá
segurança para os pais seguirem em frente.
E para terminar esse bate-papo de hoje, aproveito para agradecer a Abbott por disponibilizar encontros para discutirmos tão rico assunto entre a blogosfera materna ;)
To devorando tudo com os olhos! Ontem fomos ao homeopata e ele disse que se ela não quer comer o que está na mesa é pra deixar ficar com fome. A alimentação da minha filha é péssima e quando adoece a coisa fica feia! Tentando parar com remédios partimos pra homeopatia... ela é muito resistente e prefere ficar com fome a comer o que não quer (nem experimenta). Imagina como anda minha cabeça?
ResponderExcluirAcredito que é uma luta complicada essa da alimentação saudável para crianças com tanta propaganda em massa de junkie food. Vejo também que os pais se atrapalham um pouco ao delimitar o que é forçar uma criança a comer e a ensinar uma criança a comer. A primeira reação é de achar que a criança tá passando mal, por comer algo que não gosta.
ResponderExcluirNo caso do meu filho e mais complicado, ele nao come nada alem de arroz com caldo de feijao, nao essas besteiras q todas as criancas gostam so come chocolate e nao pode ter recheio. Quando vamos em festa de aniversario nao come nada alem do brigadeiro e isso as vezes so qndo esta com vontade, ja tentei dar lanches de fast food(no desespero) que coma algo mas nem isso ele quer. Eu ate tento forcar mas ele fica fazendo ansia, as vezes chega a vomitar. Eu me sinto uma pessima mae.
ResponderExcluirOlá!
ExcluirNão se sinta uma péssima mãe! Procure ajuda profissional!
Um abraço e muita força!
Sou estudante de nutrição e amei o post! Super legal todas essas dicas.
ResponderExcluirMinha filha tem 1 ano e 5 meses, ela ainda mama no seio e estamos no maior dilema na hora da alimentação. Ela nunca foi de se alimentar bem, e com isso nunca foi de pegar muito peso. Antes ela fazia apenas uma alimentação salgada bem feita por dia. Isso me deixava muito preocupada. Agora nem isso. Ela nunca tinha ficado doente, agora de um mês pra cá está com a imunidade baixa. A pediatra não quer liberar nada que abra o apetite. Eu já fiz de tudo, sempre inovando nas refeições mais nada faz com que ela coma.
ResponderExcluirOlá querida
ExcluirO melhor conselho que eu posso te dar é: procure um profissional nutricionista. Ele pode avaliar o que está acontecendo, para poder te auxiliar. Um remédio para abrir o apetite não é mesmo a solução...
Beijos e boa sorte!
Dra. Minha filha tem 1 ano e 2 meses e tenho muitas duvidas referente à alimentação dela. Hoje ela come tudo natural, sem sal, sem açucar, e sem oleo. Ela come muito, de tudo que oferecer.
ResponderExcluiras principais alimentações faço ainda uma sopa em pedaços, incluindo, amaranto, quinoa, soja preta e chia, tudo em pouca quantidade e 3 vezes por semana. Ela come bastante fruta, bebe bastante sucos, agua, adora suco de limão sem açucar, as vezes ofereço bolacha integral.
Minha duvida: posso continuar dando a quantidade que ela quiser ? e não tem problema se eu continuar não incluindo o sal e o oleo?
aguardo uma resposta. grata
Ola Tatiane!
ExcluirA criança da idade da sua pequena geralmente como o quanto precisa, já que tem um centro de saciedade muito bem estabelecido. E se ela come de tudo, pode sim, ficar sem o sal e o óleo.
Um abraço,
Olá Dra. Gostaria de uma ajuda, meu filho tem 1 ano e 7 meses, ate semana passada tomava leite ninho +1 quando acordava, tarde e noite
ResponderExcluirAgora, nao quer mais mamar de jeito nenhum, recusa todas as vezes, estou dando iogurte natural com fruta e ele aceita super bem, mas estou com medo de ele enjoar pois, estou dando no café da manhã e a tarde. Será que vc pode me dar uma sugestão? Desde já agradeço. Roberta
Olá!
ExcluirO iogurte supre a necessidade do leite! pode dar sem receio. depois de um tempo, sirva o leite novamente.
Abraços
oi dra:meu filho tem 3anos e 6meses ele nao come de jeito nenhum nao sei mas o que fazer tento dar fruta pra ele mas ele nao aceita,arroz e feijao pra ele nao come de maneira nenhuma,ja levei ele na pediatra por esse motivo varias vezes mas nao adianta ele so quer mamadeira,bolacha,danone pao e a unica coísa que ele come eu dou um estimulante de apetite pra ele pra ve se abre o apetite mas nao adianta ja to desesperada nao sei mais o que fazer por favor me de alguma dica do que posso fazer.desde ja agradeço obrigada
ResponderExcluirOlá querida!
ExcluirProcure tratamento. Uma nutricionista pode te ajudar.
Abraços!!
Boa tarde!
ResponderExcluirSou nutricionista também e estou com uma dúvida, porém não acho na internet nada que possa me ajudar.
As fórmulas infantis Nan AR, Aptamil Soja 2, Aptamil Pepti, Pregomin Pepti podem ser ofertadas a crianças maiores de 1 ano? Nas informações dos próprios fabricantes, só dizem que são para lactentes. Fico em dúvida se os pacientes devem continuar recebendo as fórmulas depois de completarem 1 ano.
Muito obrigada.
Nicoly.